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Emoções - Perdoar é esquecer? (parte 2/2)

  • Foto do escritor: Helga Cristiana Gonçalves
    Helga Cristiana Gonçalves
  • 10 de jan. de 2024
  • 3 min de leitura

Perdoar é esquecer? 


O sofrimento pode ser constituído por um conjunto de emoções, representações mentais, sensações físicas, com origem em diversas vertentes e conceptualizações (físicas, psicológicas, materiais, imateriais, pessoais, coletivas, culturais, mundiais…). Importa salientar que para se aprender a lidar com o sofrimento temos primeiro que contextualizar a forma como ele foi construído e como ainda se apresenta na nossa vida atualmente. Por que nos apegamos tanto aos eventos negativos do passado e desconsideramos tantas vezes o que de positivo também vivemos?


Desde a infância queremos ser aceites e amados incondicionalmente, e quando alguma situação não corre como o esperado (ex., negligência, hostilidade parental, falta de amor e afecto, violência, bullying, rejeição, abuso, perdas,…), muitas vezes a criança/jovem começa a desenvolver uma sensação de desajuste, inadequação, quase como se não fosse suficiente para que os outros gostem de si.


E a partir deste mundo interior, o foco pode começar a selecionar os acontecimentos mais negativos devido à sensação de falha subjacente, e também porque quando tudo corre bem, frequentemente, os adultos apenas referem que é o esperado. Aprendemos então a lidar com a frustração e com a realidade auto-crítica – a fantasia dos contos de fada começa a deixar de fazer sentido. A criança/jovem começa a compreender que nem sempre a vida acontece como gostaria, e que também há momentos e/ou pessoas que magoam. E se a estrutura pessoal não estiver saudavelmente construída, perdoar pode passar a ser visto como algo inalcançável na idade adulta. As razões mais frequentes pelas quais se possa estar a resistir perdoar alguém (ou a nós mesmos) assentam nas premissas de que perdoar seria concordar, legitimar, desvalorizar o acontecimento, permitir que se repita, ou que seja  esquecido e saia impune.

 

Lembre-se que perdoar é em primeiro lugar uma escolha individual racional, para que depois haja disponibilidade emocional para viver em plenitude o momento presente, sem essa carga emocional de dor, revolta, injustiça, tristeza. Perdoar requer desenvolver uma atitude de entrega e compromisso consigo próprio, passando pela capacidade de olhar carinhosamente para si, em que a compaixão é uma das chaves para que se volte a sentir merecedor de viver em paz interior.


E nesta dinâmica de aceitação, valorização, compromisso e compaixão, é mais simples libertar a postura de vítima, para passar a adotar uma postura de superação. Se alguém lhe fez mal, ou a ‘vida lhe trouxe um momento de injustiça e dor’, é natural que haja um impacto negativo em si, e deve permitir-se identificar as emoções presentes para poder vivê-las e processá-las – fazer de conta que não está magoado/a só atrasa a possibilidade de ultrapassar esse momento.


Olhar com compaixão, passa então por reativar em si o valor que tem, é reconhecer o sofrimento mas ter a certeza que é  mais do que esse momento(s) – não é o sofrimento em si, nem o que de negativo aconteceu. Mesmo que se esteja a considerar o auto-perdão, temática recorrente em consulta psicológica, o caminho passa por esta alteração de perspetiva: perdoar não significa esquecer, passa sim por atenuar progressivamente a dor associada à memória situação. Perdoar passa por sentir que liberta aquele acontecimento/pessoa da sua vida, e que cria espaço interior (mental e emocional) para se focar nos aspetos positivos da sua vida.


Então, “se tivesse 10 unidades de energia para aproveitar no seu dia, quanto dessas unidades gasta a reviver sentimentos que não lhe fazem bem e que nem têm resolução?”. Perdoar significa que as 10 unidades de energia ficam disponíveis para si. Perdoar é focar-se em Ser quem É e sentir que a cada dia faz o melhor por si e merece o melhor para si. Perdoar é libertar para avançar.


Helga Cristiana Gonçalves

Psicóloga Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses | Terapeuta com PNL | Master Coach | Facilitadora de Cura Reconectiva®️ 

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Todo o cuidado genuíno é uma recíproca forma de cura. Helga Gonçalves

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