O Amor - A ciência e a arte de amar
- Helga Cristiana Gonçalves
- 14 de fev. de 2024
- 3 min de leitura

Todos estamos à procura da felicidade e os estudos indicam que amar é a condição que mais estrutura o ser humano. É transversal a toda a sociedade, independentemente da idade, sexo, condição profissional, económica (...), e são muitas as inquietações acerca da vivência do amor, sobretudo pelo lugar que ele ocupa na nossa vida desde que nascemos.
Do latim amore, o amor é “definido como um sentimento que leva a pessoa a desejar o bem/estima/cuidado a outra pessoa ou a algo.” Retratado de diversas formas desde a antiguidade (arte, mitologia, religião, publicidade, ciência...), surge associado à dicotomia entre a felicidade plena e o êxtase do sofrimento – pela busca constante da plenitude de amar.
O ser humano como ser relacional, move-se com um propósito nas relações, sendo este de ordem biológica, psicológica e social.
Na componente biológica, o amor é determinado pelo sistema límbico (centro cerebral das emoções), presente somente nos mamíferos e nas aves. E, ao contrário da crença comum de que o amor surge de forma automática e espontânea, segundo o psicólogo Erich Fromm, o amor é uma habilidade que deve ser aprendida e aperfeiçoada, para que a pessoa se possa desenvolver em todas as suas dimensões.
A ciência demonstra que o ser humano se vai desenvolvendo com base nos vínculos que estabelece com as pessoas com as quais interage. As relações interpessoais são a fonte principal de crescimento (mais ou menos saudável), pois à medida que interagimos com os outros e com o mundo vamos construindo a nossa individualidade, vamo-nos diferenciando do meio envolvente (em vez de nos fundirmos com ele). E quanto mais nos sentimos seguros, respeitados, valorizados, mais condições temos para nos percebermos como um ser único, autónomo, em desenvolvimento com estima e confiança, e independente de quem amamos, e de quem nos ama.
O sociólogo Francesco Alberoni apresenta o conceito de “fusão vs. individualização”, onde demonstra que amar e ser amado permite-nos ser ‘mais’ do que antes, pela forma como cada elemento da relação engrandece e valoriza o outro elemento. Através da busca de amar e ser amado, quando há uma conexão emocional (recíproca), cada pessoa permite-se ser quem é e como é, aceitando-se genuinamente, dando-se o processo simultâneo de auto-valorização, auto-reconhecimento com foco na melhoria contínua, e evolução conjunta.
De facto, quando nos apaixonamos a vida parece ganhar um novo sentido. Vemos a vida com outros olhos, outro brilho, sentimos mais leveza, e até tudo nos parece mais simples de resolver. A paisagem torna-se mais bonita, e até situações que nos passavam anteriormente despercebidas passam a ter um significado renovado. Pois este bem-estar, esta percepção diferente da realidade tem também o contributo das alterações hormonais que acontecem no nosso organismo. Helen Fischer, antropóloga e bióloga, fala em ‘Anatomia do Amor’ ou ‘A Química da Paixão’. Então o AMOR, independentemente de ser olhado pela ciência ou pela arte, está na base da construção do nosso EU, da capacidade de nos vermos como seres únicos com possibilidade de conhecer a realidade para além de nós. Quanto mais nos aproximamos dos alicerces (vinculação segura, nosso sistema de valores, auto-reconhecimento, estima...) mais capacidade temos de nos amar e amar os outros.
Amar é contribuir para que quem amo cresça, e crescer pelo simples facto de estar a amar.
Helga Cristiana Gonçalves
Psicóloga Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses | Terapeuta com PNL | Master Coach | Facilitadora de Cura Reconectiva®️
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